Desafio
NÃO aceito! Me recuso a ser mais uma ferrramenta pra iludir outras
mulheres de que a maternidade é um mar de rosas e que toda mulher nasceu
pra desempenhar esse papel. Eu vou
lançar outro desafio, o desafio da MATERNIDADE REAL. De tudo o que as
mães passam e as pessoas não dão valor, como se toda mulher já tivesse
sido programada pra viver isso. Postem fotos de desconforto com a
maternidade e relatem seus maiores medos ou suas piores experiências pra
que mais mulheres saibam da realidade que passamos. Dizem que no final
sempre acaba tudo bem, mas o meio do processo por muitas vezes é lento e
doloroso.
Primeiramente
eu quero deixar bem claro que eu amo meu filho mas to detestando ser
mãe. E acho que isso não vai melhorar nem quando ele tiver a minha idade
atual. Primeiro a gravidez. "Nossa que barriga enorme pra 7
meses", "esse bebê não vem não?", "Vicente! Mas pq você escolheu esse
nome coitado!". Pessoas, entendam que grávidas não são patrimônio
público! Se o que vcs pensam não vai acrescentar positivamente na vida
dela façam o favor de não falarem NADA!!! Até se acrescentar
positivamente você deve pensar mil vezes antes de falar. ELA está
grávida então ela já se informou sobre o que pode ou não comer e se ela
está comendo problema é dela! Não se metam! Mas aí, a pobre da
mulher pensa que quando nascer vai melhorar, conta os dias até o parto
chegar, esses dias que demoram mais do que toda a gestação junta. E
quando a hora chega, nada sai como esperado. No meu caso, que sempre
defendi com todas as forças o parto normal, afinal, meu corpo foi
projetado pra isso, não tive um corpo tão bem projetado assim. Os
médicos falavam que o colo do útero estava fechado e o bebê muito alto e
que a cesárea seria a opção mais segura. Tudo o que eu precisava pra me
sentir um lixo de mulher que não conseguiu fazer o tão raçudo parto
normal. Mas quando o parto chega ao fim eu percebi que não é um mar de
rosas ter a cesárea(Sinto algumas dores até hoje com 40 dias da
cirurgia.) Mas nada disso importa mais, tô de frente pro amor da
minha vida! (oi? ) Tudo que eu senti foi uma tremedeira descontrolada
que eu não sabia se era medo ou frio. E quando a médica perguntou o que
eu achei do bebê, eu não tive coragem de dizer que tinha sido o bebê
mais feio que eu já tinha visto e só perguntei se ele era perfeito.
Quando ela disse que sim eu apaguei e quando despertei aquela criança
cinza não estava mais perto de mim. Meu filho só voltou pra mim depois
de algumas horas e com ele vieram mil regras e informações que eu tinha
que absorver em minutos (tudo isso partida ao meio e sem poder me
mexer). Mas agora estamos em casa. Aqui eu vou poder curtir meu
filho. Errado de novo! Mais gente querendo se meter de como você deve
fazer as coisas. E você, recém operada e cheia de dores, onde encontra
as forças pra debater? E nos dias que ele simplesmente grita aos
prantos, a mãe tem meio que uma obrigação de saber o que ele tem. "É
cólica? É refluxo? É manha? Mas como assim?! vc que é mãe tem que
saber!" E por último, mas não menos importante: a amamentação! "Mãe
que é mãe tem que amamentar! Tem que sentir a maravilha que é ser o
alimento do seu filho". Hoje eu consigo amamentar com um pouco menos de
dor, mas não torna as coisas mais fáceis. Meu filho mama TODA hora. E às
vezes por uma hora inteira. "Mas seu leite não deve estar sustentando!"
Nas horas que eu ouço isso eu sinto um anjo me segurar pra não voar em
quem falou! Meu leite sustenta sim, obrigada! E quem não amamenta, ou pq
não quer ou pq não conseguiu não é mais ou menos mãe do que eu ou do
que vc que amamentou seu filho até os 30 anos de idade. Eu admito
que reclamo disso tudo de barriga cheia. Tenho muita ajuda, não preciso
fazer comida, cuidar da casa, lavar e nem passar roupa. Mas mesmo assim
passo mts dias sem nem pentear o cabelo, substituindo biscoitos por
refeição e agora cada segundo de sono é o que me faz ter um mínimo de
sanidade mental. Eu aplaudo de pé todas as mães, sem exceção, mas acho
irracional e sadoquista gostar dessas coisas. Então, sim, detesto ser
mãe. Até porque, passamos por isso tudo pra ainda chegarem pra você e
falarem que seu filho é a cara do pai!
Desafio
NÃO aceito! Me recuso a ser mais uma ferrramenta pra iludir outras
mulheres de que a maternidade é um mar de rosas e que toda mulher nasceu
pra desempenhar esse papel. Eu vou
lançar outro desafio, o desafio da MATERNIDADE REAL. De tudo o que as
mães passam e as pessoas não dão valor, como se toda mulher já tivesse
sido programada pra viver isso. Postem fotos de desconforto com a
maternidade e relatem seus maiores medos ou suas piores experiências pra
que mais mulheres saibam da realidade que passamos. Dizem que no final
sempre acaba tudo bem, mas o meio do processo por muitas vezes é lento e
doloroso.
Primeiramente
eu quero deixar bem claro que eu amo meu filho mas to detestando ser
mãe. E acho que isso não vai melhorar nem quando ele tiver a minha idade
atual. Primeiro a gravidez. "Nossa que barriga enorme pra 7
meses", "esse bebê não vem não?", "Vicente! Mas pq você escolheu esse
nome coitado!". Pessoas, entendam que grávidas não são patrimônio
público! Se o que vcs pensam não vai acrescentar positivamente na vida
dela façam o favor de não falarem NADA!!! Até se acrescentar
positivamente você deve pensar mil vezes antes de falar. ELA está
grávida então ela já se informou sobre o que pode ou não comer e se ela
está comendo problema é dela! Não se metam! Mas aí, a pobre da
mulher pensa que quando nascer vai melhorar, conta os dias até o parto
chegar, esses dias que demoram mais do que toda a gestação junta. E
quando a hora chega, nada sai como esperado. No meu caso, que sempre
defendi com todas as forças o parto normal, afinal, meu corpo foi
projetado pra isso, não tive um corpo tão bem projetado assim. Os
médicos falavam que o colo do útero estava fechado e o bebê muito alto e
que a cesárea seria a opção mais segura. Tudo o que eu precisava pra me
sentir um lixo de mulher que não conseguiu fazer o tão raçudo parto
normal. Mas quando o parto chega ao fim eu percebi que não é um mar de
rosas ter a cesárea(Sinto algumas dores até hoje com 40 dias da
cirurgia.) Mas nada disso importa mais, tô de frente pro amor da
minha vida! (oi? ) Tudo que eu senti foi uma tremedeira descontrolada
que eu não sabia se era medo ou frio. E quando a médica perguntou o que
eu achei do bebê, eu não tive coragem de dizer que tinha sido o bebê
mais feio que eu já tinha visto e só perguntei se ele era perfeito.
Quando ela disse que sim eu apaguei e quando despertei aquela criança
cinza não estava mais perto de mim. Meu filho só voltou pra mim depois
de algumas horas e com ele vieram mil regras e informações que eu tinha
que absorver em minutos (tudo isso partida ao meio e sem poder me
mexer). Mas agora estamos em casa. Aqui eu vou poder curtir meu
filho. Errado de novo! Mais gente querendo se meter de como você deve
fazer as coisas. E você, recém operada e cheia de dores, onde encontra
as forças pra debater? E nos dias que ele simplesmente grita aos
prantos, a mãe tem meio que uma obrigação de saber o que ele tem. "É
cólica? É refluxo? É manha? Mas como assim?! vc que é mãe tem que
saber!" E por último, mas não menos importante: a amamentação! "Mãe
que é mãe tem que amamentar! Tem que sentir a maravilha que é ser o
alimento do seu filho". Hoje eu consigo amamentar com um pouco menos de
dor, mas não torna as coisas mais fáceis. Meu filho mama TODA hora. E às
vezes por uma hora inteira. "Mas seu leite não deve estar sustentando!"
Nas horas que eu ouço isso eu sinto um anjo me segurar pra não voar em
quem falou! Meu leite sustenta sim, obrigada! E quem não amamenta, ou pq
não quer ou pq não conseguiu não é mais ou menos mãe do que eu ou do
que vc que amamentou seu filho até os 30 anos de idade. Eu admito
que reclamo disso tudo de barriga cheia. Tenho muita ajuda, não preciso
fazer comida, cuidar da casa, lavar e nem passar roupa. Mas mesmo assim
passo mts dias sem nem pentear o cabelo, substituindo biscoitos por
refeição e agora cada segundo de sono é o que me faz ter um mínimo de
sanidade mental. Eu aplaudo de pé todas as mães, sem exceção, mas acho
irracional e sadoquista gostar dessas coisas. Então, sim, detesto ser
mãe. Até porque, passamos por isso tudo pra ainda chegarem pra você e
falarem que seu filho é a cara do pai!
Desafio
NÃO aceito! Me recuso a ser mais uma ferrramenta pra iludir outras
mulheres de que a maternidade é um mar de rosas e que toda mulher nasceu
pra desempenhar esse papel. Eu vou
lançar outro desafio, o desafio da MATERNIDADE REAL. De tudo o que as
mães passam e as pessoas não dão valor, como se toda mulher já tivesse
sido programada pra viver isso. Postem fotos de desconforto com a
maternidade e relatem seus maiores medos ou suas piores experiências pra
que mais mulheres saibam da realidade que passamos. Dizem que no final
sempre acaba tudo bem, mas o meio do processo por muitas vezes é lento e
doloroso.
Primeiramente
eu quero deixar bem claro que eu amo meu filho mas to detestando ser
mãe. E acho que isso não vai melhorar nem quando ele tiver a minha idade
atual. Primeiro a gravidez. "Nossa que barriga enorme pra 7
meses", "esse bebê não vem não?", "Vicente! Mas pq você escolheu esse
nome coitado!". Pessoas, entendam que grávidas não são patrimônio
público! Se o que vcs pensam não vai acrescentar positivamente na vida
dela façam o favor de não falarem NADA!!! Até se acrescentar
positivamente você deve pensar mil vezes antes de falar. ELA está
grávida então ela já se informou sobre o que pode ou não comer e se ela
está comendo problema é dela! Não se metam! Mas aí, a pobre da
mulher pensa que quando nascer vai melhorar, conta os dias até o parto
chegar, esses dias que demoram mais do que toda a gestação junta. E
quando a hora chega, nada sai como esperado. No meu caso, que sempre
defendi com todas as forças o parto normal, afinal, meu corpo foi
projetado pra isso, não tive um corpo tão bem projetado assim. Os
médicos falavam que o colo do útero estava fechado e o bebê muito alto e
que a cesárea seria a opção mais segura. Tudo o que eu precisava pra me
sentir um lixo de mulher que não conseguiu fazer o tão raçudo parto
normal. Mas quando o parto chega ao fim eu percebi que não é um mar de
rosas ter a cesárea(Sinto algumas dores até hoje com 40 dias da
cirurgia.) Mas nada disso importa mais, tô de frente pro amor da
minha vida! (oi? ) Tudo que eu senti foi uma tremedeira descontrolada
que eu não sabia se era medo ou frio. E quando a médica perguntou o que
eu achei do bebê, eu não tive coragem de dizer que tinha sido o bebê
mais feio que eu já tinha visto e só perguntei se ele era perfeito.
Quando ela disse que sim eu apaguei e quando despertei aquela criança
cinza não estava mais perto de mim. Meu filho só voltou pra mim depois
de algumas horas e com ele vieram mil regras e informações que eu tinha
que absorver em minutos (tudo isso partida ao meio e sem poder me
mexer). Mas agora estamos em casa. Aqui eu vou poder curtir meu
filho. Errado de novo! Mais gente querendo se meter de como você deve
fazer as coisas. E você, recém operada e cheia de dores, onde encontra
as forças pra debater? E nos dias que ele simplesmente grita aos
prantos, a mãe tem meio que uma obrigação de saber o que ele tem. "É
cólica? É refluxo? É manha? Mas como assim?! vc que é mãe tem que
saber!" E por último, mas não menos importante: a amamentação! "Mãe
que é mãe tem que amamentar! Tem que sentir a maravilha que é ser o
alimento do seu filho". Hoje eu consigo amamentar com um pouco menos de
dor, mas não torna as coisas mais fáceis. Meu filho mama TODA hora. E às
vezes por uma hora inteira. "Mas seu leite não deve estar sustentando!"
Nas horas que eu ouço isso eu sinto um anjo me segurar pra não voar em
quem falou! Meu leite sustenta sim, obrigada! E quem não amamenta, ou pq
não quer ou pq não conseguiu não é mais ou menos mãe do que eu ou do
que vc que amamentou seu filho até os 30 anos de idade. Eu admito
que reclamo disso tudo de barriga cheia. Tenho muita ajuda, não preciso
fazer comida, cuidar da casa, lavar e nem passar roupa. Mas mesmo assim
passo mts dias sem nem pentear o cabelo, substituindo biscoitos por
refeição e agora cada segundo de sono é o que me faz ter um mínimo de
sanidade mental. Eu aplaudo de pé todas as mães, sem exceção, mas acho
irracional e sadoquista gostar dessas coisas. Então, sim, detesto ser
mãe. Até porque, passamos por isso tudo pra ainda chegarem pra você e
falarem que seu filho é a cara do pai!
Desafio
NÃO aceito! Me recuso a ser mais uma ferrramenta pra iludir outras
mulheres de que a maternidade é um mar de rosas e que toda mulher nasceu
pra desempenhar esse papel. Eu vou
lançar outro desafio, o desafio da MATERNIDADE REAL. De tudo o que as
mães passam e as pessoas não dão valor, como se toda mulher já tivesse
sido programada pra viver isso. Postem fotos de desconforto com a
maternidade e relatem seus maiores medos ou suas piores experiências pra
que mais mulheres saibam da realidade que passamos. Dizem que no final
sempre acaba tudo bem, mas o meio do processo por muitas vezes é lento e
doloroso.
Primeiramente
eu quero deixar bem claro que eu amo meu filho mas to detestando ser
mãe. E acho que isso não vai melhorar nem quando ele tiver a minha idade
atual. Primeiro a gravidez. "Nossa que barriga enorme pra 7
meses", "esse bebê não vem não?", "Vicente! Mas pq você escolheu esse
nome coitado!". Pessoas, entendam que grávidas não são patrimônio
público! Se o que vcs pensam não vai acrescentar positivamente na vida
dela façam o favor de não falarem NADA!!! Até se acrescentar
positivamente você deve pensar mil vezes antes de falar. ELA está
grávida então ela já se informou sobre o que pode ou não comer e se ela
está comendo problema é dela! Não se metam! Mas aí, a pobre da
mulher pensa que quando nascer vai melhorar, conta os dias até o parto
chegar, esses dias que demoram mais do que toda a gestação junta. E
quando a hora chega, nada sai como esperado. No meu caso, que sempre
defendi com todas as forças o parto normal, afinal, meu corpo foi
projetado pra isso, não tive um corpo tão bem projetado assim. Os
médicos falavam que o colo do útero estava fechado e o bebê muito alto e
que a cesárea seria a opção mais segura. Tudo o que eu precisava pra me
sentir um lixo de mulher que não conseguiu fazer o tão raçudo parto
normal. Mas quando o parto chega ao fim eu percebi que não é um mar de
rosas ter a cesárea(Sinto algumas dores até hoje com 40 dias da
cirurgia.) Mas nada disso importa mais, tô de frente pro amor da
minha vida! (oi? ) Tudo que eu senti foi uma tremedeira descontrolada
que eu não sabia se era medo ou frio. E quando a médica perguntou o que
eu achei do bebê, eu não tive coragem de dizer que tinha sido o bebê
mais feio que eu já tinha visto e só perguntei se ele era perfeito.
Quando ela disse que sim eu apaguei e quando despertei aquela criança
cinza não estava mais perto de mim. Meu filho só voltou pra mim depois
de algumas horas e com ele vieram mil regras e informações que eu tinha
que absorver em minutos (tudo isso partida ao meio e sem poder me
mexer). Mas agora estamos em casa. Aqui eu vou poder curtir meu
filho. Errado de novo! Mais gente querendo se meter de como você deve
fazer as coisas. E você, recém operada e cheia de dores, onde encontra
as forças pra debater? E nos dias que ele simplesmente grita aos
prantos, a mãe tem meio que uma obrigação de saber o que ele tem. "É
cólica? É refluxo? É manha? Mas como assim?! vc que é mãe tem que
saber!" E por último, mas não menos importante: a amamentação! "Mãe
que é mãe tem que amamentar! Tem que sentir a maravilha que é ser o
alimento do seu filho". Hoje eu consigo amamentar com um pouco menos de
dor, mas não torna as coisas mais fáceis. Meu filho mama TODA hora. E às
vezes por uma hora inteira. "Mas seu leite não deve estar sustentando!"
Nas horas que eu ouço isso eu sinto um anjo me segurar pra não voar em
quem falou! Meu leite sustenta sim, obrigada! E quem não amamenta, ou pq
não quer ou pq não conseguiu não é mais ou menos mãe do que eu ou do
que vc que amamentou seu filho até os 30 anos de idade. Eu admito
que reclamo disso tudo de barriga cheia. Tenho muita ajuda, não preciso
fazer comida, cuidar da casa, lavar e nem passar roupa. Mas mesmo assim
passo mts dias sem nem pentear o cabelo, substituindo biscoitos por
refeição e agora cada segundo de sono é o que me faz ter um mínimo de
sanidade mental. Eu aplaudo de pé todas as mães, sem exceção, mas acho
irracional e sadoquista gostar dessas coisas. Então, sim, detesto ser
mãe. Até porque, passamos por isso tudo pra ainda chegarem pra você e
falarem que seu filho é a cara do pai!
Umberto Eco
começou a sua carreira como filósofo sob a orientação de Luigi Pareyson, na Itália.
Seus primeiros trabalhos dedicaram-se ao estudo da estética medieval, sobretudo aos textos de S. Tomás de
Aquino. A tese principal defendida por Eco, nesses trabalhos, diz
respeito à ideia de que esse grande filósofo e teólogo medieval, que, como os
demais de seu tempo, é acusado de não empreender uma reflexão estética, trata,
de um modo particular, da problemática do belo.
A partir da década de 1960, Eco se
lança ao estudo das relações existentes entre a poética contemporânea e a
pluralidade de significados. Seu principal estudo, nesse sentido, é a coletânea
de ensaios intitulada Obra aberta
(1962), que fundamenta o conceito de obra aberta, segundo o qual
uma obra de arte amplia o universo semântico provável, lançando mão de jogos
semióticos, a fim de repercutir nos seus intérpretes uma gama indeterminável
porém não infinita de interpretações.
Ainda na década de
1960, Eco notabilizou-se pelos seus estudos acerca da cultura de massa, em
especial os ensaios contidos no livro Apocalípticos e Integrados (1964), em que ele defende uma
nova orientação nos estudos dos fenômenos da cultura de massa, criticando a
postura apocalíptica daqueles que acreditam que a cultura de massa é a ruína
dos "altos valores" artísticos — identificada com a Escola de
Frankfurt, mas não necessariamente e totalmente devedora da Teoria Crítica —, e,
também, a postura dos integrados — identificada, na maioria das vezes, com a
postura de Marshall
McLuhan —, para quem a cultura de massa é resultado da integração
democrática das massas na sociedade.
A partir da década
de 1970, Eco passa a tratar quase que exclusivamente da semiótica. Eco descobriu o
termo "Semiótica" nos parágrafos finais do Ensaio sobre o
Entendimento Humano (1690), de John Locke, ficando ligado
à tradição anglo-saxónica da semiótica, e não à tradição da semiologia
relacionada com o modelo linguístico de Ferdinand
de Saussure. Pode-se dizer, inclusive, que a teoria de Eco acerca da
obra aberta é dependente da noção peirciana de semiose ilimitada. Nesta
concepção do "sentido", um texto será inteligível se o conjunto dos
seus enunciados respeitar o saber associativo.
Ao longo da década,
e atravessando a década de 1980, Eco escreve importantes textos nos quais
procura definir os limites da pesquisa semiótica, bem como fornecer uma nova
compreensão da disciplina, segundo pressupostos buscados em filósofos como Immanuel Kant e Charles
Sanders Peirce. São notáveis a coletânea de ensaios As formas do
conteúdo (1971) e o livro de grande fôlego Tratado geral de semiótica
(1975). Nesses textos, Eco sustenta que o código que nos serve de base para
criar e interpretar as mais diversas mensagens de qualquer subcódigo (a
literatura, o subcódigo do trânsito, as artes plásticas etc.) deve ser
comparado a uma estrutura rizomática pluridimensional que dispõe os diversos sememas (ou unidades culturais) numa cadeia de
liames que os mantêm unidos.
Dessa forma, o Modelo
Q (de Quillian) dispõe os sememas — as unidades mínimas de sentido —
segundo uma lógica organizativa que, de certo modo, depende de uma pragmática.
A sua noção de signo como enciclopédia é oriunda dessa concepção. Como
consequência de seu interesse pela semiótica e em decorrência do seu anterior
interesse pela estética, Eco, a partir de então, orienta seus trabalhos para o
tema da cooperação interpretativa dos textos por parte dos leitores. Lector
in fabula (1979) e os limites da interpretação (1990) são marcos
dessa produção, que tem como principal característica sustentar a ideia de que
os textos são máquinas preguiçosas que necessitam a todo o momento da
cooperação dos leitores. Dessa forma, Eco procura compreender quais são os
aspectos mais relevantes que atuam durante a atividade interpretativa dos
leitores, observando os mecanismos que engendram a cooperação interpretativa,
ou seja, o "preenchimento" de sentido que o leitor faz do texto,
procurando, ao mesmo tempo, definir os limites interpretativos a serem
respeitados e os horizontes de expectativas gerados pelo próprio texto, em
confronto com o contexto em que se insere o leitor.
Além dessa
carreira universitária, Eco ainda escreveu cinco romances, aclamados pela
crítica e que o colocaram numa posição de destaque no cenário acadêmico e
literário, uma vez que é um dos poucos autores que conciliam o trabalho
teórico-crítico com produções artísticas, exercendo influência considerável nos
dois âmbitos.
"Mulher diz tudo o que sente sim, mas com uma grande
diferença: sem dizer nada. Sabe quando ela demora para responder suas
mensagens? Ela se segurou o dia inteiro
para mostrar a você que não teve tempo e que não se importa tanto assim.
Sabe quando ela não te chama no whatsapp ou no facebook ? Anos de
estudos para fazer um doce, fingindo que não está morrendo de saudades.
Sabe quando ela passa reto de nariz em pé, toda…… linda e esnobe? É o
”vou fingir que não te vi”. Sabe quando ela não te responde de primeira?
Apenas um teste para ver se você está interessado o suficiente para
chamar de novo. Complicadas. Inteligentes. Superiores. Enquanto nós
homens se achamos espertos elas simplesmente são, sem ter que achar
nada. Ela diz que te odeia e te manda ir embora, mas experimenta sair de
perto dela para ver o que acontece. Ela desliga o telefone na sua cara e
diz que vai sair com as amigas a noite porque você nunca a mereceu, e
na maioria das vezes ela deita na cama e chora. Seres extremamente
fortes, estupidamente sensíveis. Todo homem deveria ter um dia de
mulher. Mulher sabe sorrir quando quer chorar. Mulher sabe desprezar
quando quer amar. Mulher sabe ignorar quando a maior vontade é ligar e
pedir o amor do canalha de volta. Mulher pensa com o coração e age com a
cabeça. Dentro de uma mulher existem sentimentos ocultos. Vulcões em
erupção camuflados por enormes geleiras. Mulher tem o poder de passar do
lado do babaca que partiu seu coração de salto alto, sorrindo e deixa
para chorar em casa. E sabem porque eu gosto de mulher? Porque a mulher
pode estar perdidamente apaixonada. Pensar em mim 24 horas por dia e
fazer hora extra. Olhar o telefone de 5 em 5 segundos, e a cada toque,
achar que é ele. Mas, meu caro, tenha certeza que você jamais saberá
disso. Na verdade ela pode estar tendo overdose de amor, ataque de
ciúmes, caindo os cabelos de raiva. Mas para ele, ela vai estar vendo um
filme de romance na tv e repetindo milhares e milhares de vezes:
”Homem? Ahh.. Só fazendo um modelo novo de fábrica. Zero km. E que de
preferência não fale, para não mentir.” Ela pode ser meiga e doce, mas
experimente dizer isso a ela. Ela simplesmente sorri com olhos de
cinismo e diz “vai sonhando”. Ela sonha com uma casa simples com dois ou
três filhos correndo pela sala, mas te jura que o seu maior sonho é ser
bem-sucedida profissionalmente. Dona de casa? Jamais. Enquanto te conta
seus planos futuros sobre o emprego e o salário que pretende ganhar,
ela tira suas medidas mentalmente para levar no alfaiate da esquina e
planejar o terno que você vai estar usando enquanto a espera, com o
vestido e o penteado que por ventura, ela já escolheu No altar, Ou na cama.”
"Um bombeiro pulou no mar salvou uma vida, e mesmo cansado não desistiu,
como.tinha mais outra pessoa, voltou pulou de novo, acabou por ser
arremessado por diversas vezes sobre os
corais, saiu todo machucado, foi arremessado pelas ondas contra os
corais, arriscou sua vida por pessoas que nem conhece, saiu todo
machucado e quase morreu, mas não desistiu, por mais difícil e perigoso
que foi ele cumpriu sua missão! Aí escuta o Pedro Bial chamar de
heróis os participantes do Big Brother, ou o Galvão Bueno chamar o
Neymar de herói ! Por favor! Meus heróis são outros, são os que
realmente merecem esse título. E você nobre irmão, bombeiro,você merece! Alias, não vamos ver esta matéria em nenhum jornal elogiando este nobre guerreiro, Mas se fosse de algum vagabundo, estaria nas capas de todos os jornais... Com o sacrifício da própria vida! Parabéns ao nosso herói bombeiro que se machucou bastante, mas salvou duas vidas.
Os
organizadores da audiência pública convocada pelo Ministério Público Federal,
em Santarém, no dia 29 de janeiro, para tratar do licenciamento ambiental da
usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós e de suas “irregularidades e
possíveis impactos do projeto”, cometeram um erro de cálculo, afinal previsto
com antecedência: escolheram o auditório da Associação Comercial e Empresarial
para a reunião, com a ideia de que assim motivariam os empresários a estarem
presentes num evento idêntico a outros dos quais os empresários se esquivam
sistematicamente.
O chefe dos caciques munduruku, Arnaldo Kabá: o
problema é
do Brasil e não só da Amazônia (Fotos: MD)
Um ou
outro apareceu. O que se viu foi uma multidão lotando o auditório cuja
capacidade de acomodação era três vezes menor do que o número de pessoas que
desejavam entrar (clique no texto para ler mais). Pessoas simples,
ribeirinhos, indígenas, estudantes, professores, trabalhadores em geral, cerca
de 600 pessoas apertavam-se num auditório para somente 240 cadeiras.
O excesso
de pretendentes a uma vaga no auditório chegou a causar momentos de tensão que
fizeram a reunião atrasar-se em uma hora e meia, com gritos de protestos e
respostas ríspidas do procurador da República, Luís de Camões Lima Boaventura,
o que acirrou os ânimos num ambiente em que, quem estava dentro, sentado ou em
pé, não podia sair; e quem estava fora, nas escadas ou na rua em frente, sequer
podia sonhar em entrar.
Procurador Luís de Camões, presidiu a audiência à
qual não
apareceu o governo federal
Passado o
longo momento de maior sufoco, a reunião começou. Após as palavras de ordem,
gritos e demais formas de manifestação de um numeroso grupo que pedia para que
a audiência fosse transferida para o auditório da Universidade Federal do Oeste
do Pará, pareceu-me que, em meio àquelas manifestações, faltou um refrão
unificador dos protestos contra essa nova e avassaladora forma de invasão da
região no século 21: Amazônia não quer mais ser colônia!
Um refrão
debaixo do qual possam ser acolhidos os gritos contra a hidrelétrica de São
Luiz e as outras dezenas de usinas planejadas; contra a penetração devastadora
do latifúndio a que chamam de agronegócio que expulsa famílias de agricultores
tal como foram mandados para o inferno os indígenas do século 16, no processo
de ocupação mercantilista-capitalista da Amazônia. Afinal, todos esses projetos
que, se materializados, deixarão o Vale do Rio Tapajós como terra e água
arrasadas, como se ali já estivesse em andamento um massacre nuclear, cujas
primeiras bombas já foram detonadas.
Protestos e excesso de gente atrasaram a reunião
Um refrão
unificador se justifica porque:
1. A
hidrelétrica de São Luiz - assim como todas as demais previstas para vários
sítios da região - não produzirá energia para as populações da Amazônia, disso
todos sabemos;
2. Não
produzirá energia para as populações locais porque o secular projeto, o
verdadeiro projetão para a região é mantê-la na condição de colônia do Brasil e
de outras potências externas;
3. Da
mesma forma como o agronegócio produz alimento não para abastecer as nossas
feiras, mas para torna-lo commodity para abastecer as necessidades dos países
ricos, ficando a Amazônia na condição de quintal do grande capital;
Em alguns momentos a tensão dominou o ambiente
4. A
rodovia BR-163 entra agora na lista dos investimentos para dar-lhe melhores
condições de tráfego não para beneficiar a região, mas para servir de passagem
aos milhares de carretas com soja e milho para a exportação, deixando nada para
as populações locais, a não ser os buracos no asfalto, como há alguns anos já
se verifica nas ruas de Santarém;
5. Todos
esses projetos produtores de matérias-primas sequer pagam impostos aos governos
locais, centralizando a arrecadação do ICMS em Brasília; as mineradoras deixam,
ou melhor, deixariam um tal royalty que mais serve de barganha entre empresas e
políticos, ou utilizam recursos contábeis como meio de reduzir os repasses às
prefeituras; ou como ocorre em Oriximiná, maqueiam os repasses sob a forma de
pintura asfáltica das ruas da cidade, embora sem esgoto e outros benefícios,
apenas para criar a impressão de que algo de efetivamente positivo fica para
uma população residente numa região explorada há 40 anos;
6. A
Amazônia tem que deixar de ser uma colônia, caso contrário, os seus rios – como
já ocorre – se tornarão esgotos de um processo de mineração, o garimpo
industrial, que já compromete mais de 600 quilômetros, entre outros, do Rio
Tapajós e inúmeros afluentes, cujo lamaçal contaminado e contaminante por
mercúrio, cianeto, graxos e detergentes já se encontra a cerca de 50
quilômetros de sua foz, diante da cidade de Santarém;
Relação
conhecida
A relação
é conhecida, nada disto é revelação de algo novo. No entanto, o processo de
destruição da natureza e da vida humana e animal prossegue sob o incentivo dos
governos em todos os seus níveis. E prossegue a despeito de todas as provas da
devastação física e humana em andamento, debaixo do silêncio e mesmo do aplauso
das elites locais, solidárias aos grupos externos que não têm nenhum
compromisso nem com a Amazônia nem com o Brasil, nem com a vida de suas
populações.
O que há
de novo é que os povos diretamente afetados por tamanha agressão começam a
organizar-se, na tentativa tanto de reconstruir a sua história, assim como a
construir o seu presente de modo bem diferente do que ocorre há décadas e
séculos.
A
Amazônia cansou de ser colônia do Brasil e de outras potências externas. Sim,
quer ser Brasil, mas o Brasil parece que não quer a Amazônia, a não naquilo que
esta região e seu povo podem oferecer-lhe gratuitamente, em troca de rios
transformados em esgotos, florestas postas abaixo, fauna desaparecendo, peixes
sumindo e/ou sendo contaminados por produtos químicos que têm o potencial de
literalmente fazer adoecer uma multidão de consumidores de pescado.
Assim, a
pauta da audiência pública do dia 29 passado extrapolou a usina de São Luiz.
Gritaram contra as barragens, contra a situação dos indígenas e ribeirinhos do
Maró, contra as barcaças de soja que descem de Miritituba e que já começaram a
assorear o leito do Tapajós, contra Belo Monte, contra a garimpagem industrial,
cujo perigo parece ainda não ter sensibilizado muitos dos que se manifestam
contra as barragens.
Convite
No início
da reunião, o chefe dos caciques Munduruku, Arnaldo Kabá, convidou a sociedade
inteira a unir-se a eles, já que o desastre em andamento não afetará apenas os
grupos indígenas e demais populações mais próximas dos projetos, mas afetará a
economia, incluindo o nascente turismo em todo o Oeste do Pará, e colocará em
risco a saúde pública na vasta região do Vale do Tapajós.
Na
ocasião, foi anunciado que os escritórios da Greenpeace nos Estados Unidos,
Alemanha e Inglaterra preparam uma campanha contra as hidrelétricas projetadas
para o Tapajós. O apoio externo será bem-vindo, mas as decisões e a
responsabilidade da luta têm que ser dos amazônidas, caso contrário pode-se
repetir a velha dependência externa, justamente o que agora os povos da Amazônia
querem evitar, em nome de seu presente e de seu futuro.
No salão
da Associação Comercial, como era de esperar, não estavam representantes do
Ibama, nem de qualquer outro órgão federal convidado. Alguns secretários
municipais e, como se informou, o prefeito de Santarém, Alexandre Wanghom,
esteve ausente “porque não pode entrar no auditório”.
Com todos
os problemas verificados, o cacique Kabá e o procurador Camões têm razão.
Embora não tenham falado dessa forma, o que disseram e o que falaram os
convidados, entre cientistas e militantes, é que a Amazônia não quer mais ser
colônia.
Relatório
do MPF
01/02/2016
Hidrelétricas
na bacia do rio Tapajós
Pesquisadores,
líderes indígenas, beiradeiros, procuradores da República e movimentos sociais
debateram por mais de seis horas os problemas dos projetos de barragens na
região. Pelo governo federal, foram convidados, mas não participaram
representantes do Ministério de Minas e Energia, Ibama, Funai, Eletrobrás e
ICMBio.
Os
projetos do governo para barragens na bacia do Tapajós mobilizaram a cidade de
Santarém, no Oeste do Pará, durante mais de seis horas de audiência pública
realizada nesta sexta-feira, 29 de janeiro, na sede da Associação Comercial da
cidade. Promovida pelo Ministério Público Federal (MPF), a audiência atraiu
mais de 500 pessoas para ouvir pesquisadores, lideranças indígenas,
procuradores da República e lideranças ribeirinhas que trataram dos inúmeros
riscos e falhas dos projetos, que impactam com gravidade um dos corredores
ecológicos mais importantes da Amazônia e também uma das áreas de ocupação
humana mais antiga, milenar, na região.
Era tanta
gente que logo no começo um grupo que não conseguiu entrar no auditório
provocou um pequeno tumulto na tentativa de cancelar ou mudar a audiência de
local. Mesmo assim, com atraso de cerca de uma hora, os debates transcorreram
normalmente. Foram convidados representantes de vários órgãos do governo
envolvidos nos projetos de barragens, mas ninguém compareceu. “De nove empresas
interessadas na construção de São Luiz do Tapajós, oito são empreiteiras
investigadas na operação Lava Jato”, disse o procurador Camões Boaventura ao
iniciar sua explanação sobre as irregularidades até agora encontradas pelo MPF
nos projetos de barragens no Tapajós.
Ao todo,
são 43 barragens de vários tamanhos, projetadas pelo governo para o Tapajós e
seus três afluentes, Teles Pires, Juruena e Jamanxim. Algumas, no Teles Pires e
no Juruena, já estão em construção. No Tapajós, o governo anunciou que vai
licenciar ainda em 2016 a usina de São Luiz do Tapajós, que alaga uma terra
indígena Munduruku e algumas comunidades ribeirinhas. O projeto já enfrenta
pelo menos quatro menos processos judiciais. Um deles, por não ter respeitado o
direito de consulta prévia, previsto na Convenção 169 da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), já tem decisão do Superior Tribunal de Justiça
que obriga o governo a fazer a consulta. Mesmo tendo anunciado o licenciamento
para os próximos meses, o governo não tomou nenhuma providência para consultar
os povos afetados.
“Queremos
ser consultados”, disse Ageu Pereira, liderança da comunidade ribeirinha
Montanha e Mangabal. No Tapajós, os ribeirinhos se chamam beiradeiros. Como o
nome indica, a beira do rio é essencial para seu modo de vida. Se as usinas forem
construídas, eles deixarão de ser beiradeiros. A pesquisadora Camila
Jericó-Daminello estimou em mais de R$ 1 bilhão as perdas das comunidades
ribeirinhas só em produtos florestais e pesqueiros dos quais hoje se sustentam,
em caso de construção da usina.
Outra
comunidade beiradeira que vive há séculos no Tapajós e deve sumir do mapa com
as barragens é Pimental. “Nós já somos impactados desde agora, pelo
desrespeito. Os pesquisadores de barragem chegam na nossa terra e querem fazer
estudos à força. Se não queremos, eles chamam a Força Nacional para nos
obrigar. Vocês não imaginam como é doído”, disse José Odair Cak, liderança do
Pimental.
Além do
uso de força contra a população afetada já no período de estudos de impacto e
da absoluta ausência da consulta prévia obrigatória, a população da região
questiona a necessidade das usinas, já que entendem que a energia gerada não
vai beneficiar a população amazônica. Um dos debatedores, o professor Célio
Bermann, da Universidade de São Paulo (USP), foi categórico: “eu afirmo agora
que o Brasil não precisa de usinas no Tapajós”, sendo longamente aplaudido.
“Vivemos
numa civilização elétrica. É verdade que precisamos de energia elétrica. Mas a
hidroeletricidade não é a única opção. O nosso país tem as maiores tarifas de
energia elétrica do mundo, com 70% da geração vindo de hidrelétricas. Então é
preciso se pensar seriamente se essa opção é mesmo correta”, disse Bermann.
“Cada usina é apresentada pelo governo como uma solução para a ameaça de
apagão. Não é verdade. Até porque o apagão é muito mais causado pela falta de
manutenção da rede elétrica brasileira do que pela falta de usinas. Existem
alternativas e elas não incluem grandes usinas na Amazônia. Só que o Ministério
Público e os pesquisadores não são considerados pelo governo no planejamento
elétrico. Isso precisa mudar”.
Ricardo
Baitelo, do Greenpeace, também reivindicou durante a audiência que a sociedade
possa participar do planejamento elétrico e apresentou modelagens em que o
Brasil aumenta significativamente a energia instalada sem a construção de
nenhuma barragem na Amazônia, com diversificação da matriz energética e
investimento em eficiência. “Com isso, é sim possível ao Brasil estocar vento”,
disse Baitelo.
Mesmo com
tantas alternativas apresentadas, o pesquisador Phillip Fearnside, um dos
maiores especialistas em barragens tropicais, fez um alerta sombrio de que os
planos verdadeiros do governo preveem um total de 69 grandes barragens na
Amazônia, do porte de São Luiz do Tapajós ou da usina Teles Pires, alagando um
total de 10 milhões de hectares.
Os
maiores interessados, os povos que vivem nos rios e nas florestas da região,
parecem ter entendimento profundo das consequências desse modelo. O
cacique-geral do povo Munduruku explicou com economia de palavras. “Não só
Munduruku vai sofrer, vai sofrer o mundo todo. Nós estamos defendendo o povo
brasileiro”, disse, sobre a resistência contra as usinas. Pesquisadores que
falaram durante a audiência concordaram com o cacique: danos na região do
Tapajós podem prejudicar não só a região amazônica, como o Brasil inteiro e ter
impactos mundiais, já que a Amazônia funciona como um regulador mundial do
clima, assegurando a umidade em São Paulo, por exemplo. Sem a floresta,
pesquisas apontam, a maior cidade brasileira seria um deserto.
E a
floresta está severamente ameaçada pelos projetos. Segundo Ane Alencar, do
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), que usou as taxas de
desmatamento provocadas por Belo Monte para projetar o desmatamento que as
usinas causarão no Tapajós, aponta potencial de perda de mais de 3,2 milhões de
hectares de florestas na área.
Metilmercúrio
– Uma das apresentações que teve mais impacto sobre o público foi do médico
Erik Jennings, que apontou o risco de uma catástrofe na saúde humana na região,
por causa do potencial das usinas se transformarem em verdadeiras fábricas de
metilmercúrio, que é extremamente tóxico e causa danos ao sistema nervoso
central, além de malformações fetais. “O solo amazônico é rico em mercúrio, na
forma inerte, mas com a formação de lagos de usinas, esse mercúrio assume a
forma tóxica e passa a ser absorvido pelos peixes, principal fonte de
alimentação da população em toda a região”.
Jennings
mencionou uma pesquisa feita com mulheres de cabelos longos na região da
instalação da usina de Balbina, no Amazonas. A partir do comprimento dos
cabelos e medindo a concentração de mercúrio ao longo dos fios, os
pesquisadores conseguiram provar que quando a usina foi instalada houve uma
explosão na concentração de mercúrio nos organismos das mulheres.
“Por que
não se trata desse tema nos estudos? Temos uma falsa sensação de não
envenenamento na Amazônia. Em Minamata (região no Japão onde houve graves casos
de contaminação por mercúrio) foram precisos 24 anos para se reconhecer a
contaminação, porque os efeitos do mercúrio têm um ciclo longo para se
manifestar. Não podemos esperar que isso ocorra na Amazônia”, disse o médico.
Os estudos da usina chegaram a descartar o risco de contaminação por mercúrio,
mas fizeram exames na água e não nos peixes, que é por onde o mercúrio é
absorvido pelas pessoas.
Patrimônio
arqueológico – A ocupação humana no Tapajós, milenar, foi destacada pelos
professores da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) Bruna Rocha e
Raoni Valle. Bruna mostrou como é antigo o discurso governamental de que a
Amazônia é uma floresta virgem. Mostrou exemplos da ditadura militar e uma fala
bem mais recente, do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE),
Maurício Tolmasquim, que disse acreditar que as usinas do Tapajós não teriam
impactos porque não moram pessoas na região.
“A
arqueologia mostra que a região do Tapajós é povoada milenarmente. Sítios
arqueológicos mostram ocupação humana datada dos séculos 800 a 900 d.C., em
áreas que serão destruídas pelas usinas”, disse Bruna Rocha. Raoni Valle, que
vem desenvolvendo uma pesquisa junto com os índios Munduruku, reivindicou a
importância de se proteger os locais sagrados como ação fundamental para
assegurar a sobrevivência física e cultural dos povos indígenas, de acordo com
resolução da Organização das Nações Unidas (ONU).
“A
expropriação do território dessas populações é a expropriação da memória delas,
porque as memórias estão nos locais sagrados, nas paisagens do Tapajós.
Destruir essa região é destruir a identidade dessas pessoas que estão nele
enraizadas há tantos séculos”, disse Bruna Rocha.
Belo
Monte – A usina hidrelétrica de Belo Monte, quase concluída no rio Xingu, a
cerca de mil quilômetros de Santarém, também foi assunto da audiência pública.
A procuradora da República Thais Santi, que atua no MPF em Altamira, fez uma
fala de alerta sobre a situação que vivem os moradores do Xingu. “A obra de
Belo Monte foi aceita com promessa e o compromisso do Estado com a região.
Depois das promessas, o Estado foi embora e quem assume a concessão é uma
empresa que além de não ter conhecimento da região deliberadamente descumpriu
suas obrigações. Condicionante é obrigação. É requisito de viabilidade da obra.
Não se permitam acreditar em falsas promessas”, pediu.
Marcelo
Salazar, do Instituto Socioambiental (ISA), enumerou inúmeras condicionantes
descumpridas de Belo Monte. “Eles fizeram a maior obra de engenharia do mundo e
até agora não foram capazes de colocar um único hospital para funcionar em Altamira.
É puro descaso”, afirmou. “No Xingu, a Funai está quase fechando as portas.
Nunca houve escritório do Ibama na região de Belo Monte. O Estado abandonou
aquela população”, disse Thais Santi.
Relatório:
Ministério Público Federal no Pará, publicado originalmente no portal
EcoDebate.